MASSACRE AO CIDADÃO
Artigo publicado em
19.09.13-MM
Prof.
Marcos Coimbra
Membro do
Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da
Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Escrevemos este artigo antes da decisão
a ser proferida pelo decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Seja ela qual
for, ao longo desta epopeia, iniciada há cerca de oito anos (autuação do
processo em 26 de julho de 2005), após mais
de 50 exaustivas sessões, prolongadas ao exagero por apenas um de seus
integrantes, excepcionalmente competente, pois logrou atingir seus objetivos, a
conclusão aponta a urgente necessidade de reforma do sistema jurídico
brasileiro. Segundo o grande brasileiro Rui Barbosa: “Justiça tardia nada mais
é do que injustiça institucionalizada”.
A sociedade brasileira assiste
estupefata a saída de dois ministros, devido a terem alcançado a idade máxima
permitida pelo regimento do órgão, sem conseguirem fechar o julgamento, do qual
eram profundos conhecedores, por dois novatos, com
opiniões inteiramente divergentes, o que poderia provocar o caos, fato
ocorrido. Vimos ministros que não participaram das etapas anteriores ou que não
deveriam participar da dosimetria, por terem absolvido os réus, alterando
decisões anteriormente adotadas, já na fase dos embargos de declaração. Um
ministro que deveria ter se declarado impedido por ter sido advogado de um dos
réus não o fez e está julgando seu ex-cliente. Caso a
decisão do decano seja pelo acolhimento dos “embargos infringentes”
assistiremos ao triunfo da forma sobre o conteúdo, ou seja, a ação penal 470,
denominada de “mensalão”, voltará ao início para mais de uma dezena dos réus.
Existem previsões de que o encerramento
da verdadeira “obra de Santa Engrácia” (aquilo que não tem fim) será prolongada
para o ano de 2014, apesar do interesse de grupos políticos distintos em
finalizar o assunto ainda em 2013, a fim de não tumultuar ainda mais as
eleições a serem realizadas no ano vindouro. Desta forma, teremos um novo
relator, outro revisor e, agora, quatro integrantes da Corte, pelo menos, a
postergar o resultado até que a conjuntura seja mais favorável, de modo a
beneficiar os réus. É prevista a aposentadoria do decano para data próxima e a
nomeação do novo integrante pela presidente agravará ainda mais a situação. E o
futuro presidente, o atual vice, tomará posse no final do ano de 2014.
O cidadão cumpridor de suas obrigações, pagador dos
tributos e contribuições que sustentam todo este sistema de difícil
compreensão, fica perplexo com o andamento da ação, em especial ao recordar-se
de que o ministro Celso de Mello declarou, ao proferir sua sentença, em ocasião
anterior: "Esse quadro de anomalia revela as alianças profanas entre
corruptos e corruptores, tanto públicos quanto privados", referindo-se aos
parlamentares réus no processo como "marginais no poder". Mello
votou, então, pela condenação de todos os réus por corrupção passiva e formação
de quadrilha. "Esses vergonhosos atos de corrupção parlamentar,
profundamente lesivos aos ofícios (...) e à respeitabilidade do
Congresso Nacional, atos de corrupção alimentados por transações obscuras,
(...) implementados em altas esferas governamentais, com o nítido e claro
objetivo de fortalecer o apoio político, devem ser condenados com o peso e o
rigor da lei".
Apesar disto tudo, o
encaminhamento do assunto parece sinalizar que os ditos cujos não serão
devidamente punidos. As consequências para o cidadão comum serão desastrosas.
Ele é massacrado diariamente pela burocracia, pela corrupção, pela
incompetência tanto dos organismos públicos, quanto dos privados. Assiste
impotente aos descalabros dos Poderes Executivo (em todos os
níveis) e do Legislativo e sofre com a ação predatória de alguns
empresários sem compromisso com sua função social. Paga uma das maiores cargas
tributárias do mundo, sem a devida contrapartida do oferecimento de serviços
coletivos dignos.
Quando
ele foi para as ruas exercer seu legítimo direito de protesto, passou a ser intimidado por hordas de vândalos, muitos treinados por
profissionais do terrorismo, sem que as autoridades policiais cumprissem seu
dever de assegurar a ordem pública, pois elas também estão ameaçadas e sob
pressão de entidades de “direitos humanos dos delinquentes”. O recente episódio
da quebra do sigilo de dados de cinquenta mil policiais militares é
emblemático.
A
imprensa começa a veicular a existência de pelo menos um movimento guerrilheiro
no Brasil, denominado
Liga dos Camponeses Pobres, um grupo armado com 20 acampamentos em três
Estados, que tem nove vezes mais combatentes que o
PCdoB na Guerrilha do Araguaia e cujas ações resultaram na morte de 22 pessoas
no ano passado.
O Poder Judiciário, em especial o
STF, era umas das poucas esperanças do cidadão. Vamos orar por um milagre!
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br.