LENIÊNCIA
E CRUELDADE
Artigo publicado em 28/07/2016 - Monitor
Mercantil
Economista Marcos Coimbra- Assessor Especial da
Presidência da ADESG, Acadêmico Fundador da Academia Brasileira de Defesa,
autor do livro Brasil Soberano e membro do Conselho Diretor do CEBRES.
As autoridades brasileiras costumam ser ao
mesmo tempo cruéis e lenientes. Extremamente sádicas com os cidadãos dignos,
honestos e de bons costumes. Irresponsavelmente frouxas ao lidar com marginais frios
e perigosos. É uma triste constatação, baseada na observação real dos fatos. O
cidadão brasileiro paga uma das mais altas cargas tributárias do mundo ( 36% do PIB), talvez a maior dos emergentes. Isto de acordo
com dados oficiais. Em contrapartida seria indispensável a
retribuição proporcional dos diversos entes federativos, sob a forma de prestação
de serviços capazes de atender às necessidades coletivas, de modo digno. Isto
não ocorre. Os órgãos arrecadadores são eficazes e implacáveis.
Os(ir)responsáveis que possuem a
missão de atender ao esperado pelo povo são ineficazes, obrigando os cidadãos a
procurar a iniciativa privada. A situação é muito grave no relativo à infraestrutura
social. Hoje em dia, cerca de 50 milhões de brasileiros são usuários de planos
particulares de saúde e são mal atendidos, com as exceções de praxe.
O sistema particular de saúde é dispendioso,
prometendo mundos e fundos, mas no instante do atendimento parece retroceder ao
padrão do precário sistema público de saúde. A marcação de consultas é
massacrante. O interessado deve ter uma paciência digna de Jó para conseguir
fazer exames laboratoriais e radiológicos. Para
conseguir um ato cirúrgico então. É um verdadeiro 13º trabalho de Hércules. As
mensalidades são periodicamente reajustadas, mas os profissionais de saúde não.
Um médico é obrigado a atender um mínimo de 25 pacientes em uma jornada de
quatro horas de trabalho. Na hora da emergência, não há vaga nos hospitais.
Na educação reina o caos. A começar pela nefasta
atuação do ministério da Educação, órgão que deveria ser o principal
responsável pelo ensino no país. A sucessão de erros, representada pela edição
de livros com sua chancela, contendo barbaridades, verdadeiros atentados contra
a língua portuguesa e as ciências matemáticas, além da tentativa de divulgar o
“kit gay” já seria motivo suficiente para uma reformulação profunda na gestão.
E tal descalabro é agravado com a série de enganos cometidos na condução do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O ensino fundamental continua a formar
analfabetos funcionais e o ensino médio sofre tentando corrigir as lacunas existentes
em vão. O ensino superior público é insatisfatório e o privado mercantilizado,
verdadeiras fábricas de diplomas. Esperamos que a situação melhore com a nova
administração.
Mas o pior é quando o cidadão necessita recorrer a
serviços criados pelos governantes para exercer a sua cidadania. A “Via Crucis” é interminável. Carteira de motorista, renovação,
passaporte, registro de arma, vistoria de automóvel, carteira de identidade e
outros. É um verdadeiro tormento. De início, a dificuldade em agendar a data.
Em seguida absurdas exigências, capazes de fazer a vítima voltar ao local do
martírio mais de uma vez. A informação sai a conta-gotas. Cada dia é uma
exigência nova. E a postura do atendente é intimidadora. Parece que ele está
fazendo um favor. Taxas caras são cobradas e maquiavelicamente os prazos de
validade dos documentos são encurtados. Novas exigências impostas. Geralmente,
há um aviso de que é delito passível de punição o desacato a servidor público,
para deixar bem claro quem manda. E é uma invenção atrás da outra: kit de
primeiros socorros, extintor de incêndio não disponível no mercado, tomada de
três pontas, farol baixo de dia etc.
Já a vida do marginal é sucessivamente aliviada.
Principia pelo tratamento dispensado a um menor infrator com menos de dezoito
anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de já
ter até cometido assassinato, ele terá no máximo uma internação até dezoito
anos e excepcionalmente vinte e um anos, por três anos máximos. Na prática, é
liberado na primeira avaliação de seis meses do juiz, caso tenha apenas bom
comportamento no período de castigo. No município do Rio de Janeiro, há uma
discussão entre a secretaria de Assistência Social e organismos como a OAB,
Conselhos Regionais de Enfermagem e Serviço Social e
assemelhados, no relativo à internação compulsória de crianças e adolescentes
dependentes de drogas. Ora, qual é a alternativa proposta pelos críticos
à medida adotada? A solução é deixá-los morrer na rua? Caso achem que o
abrigo não é adequado, porque não construir outro mais adequado? Caso não
consigam, façam um cadastro dos dependentes e cada um leve para sua casa um
deles. É demagógica e irresponsável esta postura do “coitadinho”. Não é
possível continuar como está.
Quanto aos maiores, a Lei 11.403/2011 sobre a
prisão preventiva e outros assuntos demonstra claramente a intenção dos agora
afastados detentores do poder político no Brasil. Ao invés de construir
presídios para acautelar os condenados, é mais fácil criar artifícios para liberá-los
e soltá-los nas ruas, sem a necessária recuperação para que voltem a cometer
crimes contra os indefesos cidadãos. O marginal é tratado como cidadão.
Os cidadãos, apesar do resultado do referendo sobre
a comercialização de armas e munições, na prática estão proibido de sequer
possuir uma arma de fogo de defesa pessoal, devido à orientação do ministro da
(In)Justiça aos órgãos auxiliares para não permitir a
compra, nem a renovação do registro de armas de fogo. São cordeiros a
mercê de lobos esfaimados, ainda mais com o forte cerceamento imposto aos
órgãos policiais pelos “defensores dos direitos humanos dos bandidos”. E ainda existem os policiólogos”, em
sua maioria estrangeira, em especial argentina. Urge uma total e profunda
reformulação deste estado de coisas.
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