JUSTIÇA OU INJUSTIÇA
Artigo publicado em
18/06/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano.
Existem poucas dúvidas sobre a ineficácia da ação
do Poder Judiciário. A boa Justiça, como esperança daqueles que a procuram,
deve ser rápida. Para a maioria da população é inconcebível a excessiva demora
da decisão final e da concretização dos seus efeitos. Todos nós possuímos
vários exemplos a enumerar. Ganhamos grande parte de uma ação contra uma
instituição particular de ensino, que demorou quinze anos para terminar. É algo
inacreditável. Outro exemplo, um arrolamento de bens, oriundo de um testamento
para um herdeiro único, sem qualquer problema, demorou quase três anos para ser
concluído. E isto se pagando parcela considerável do montante para advogado,
custos judiciais, tributos federais, estaduais e municipais.
Um juiz indeferiu uma ação, em virtude
de ter falecido o reclamante. O mesmo está até agora procurando provar que está
vivo. Até hoje a ação do sindicato dos bancários do Rio de Janeiro, que entrou
com uma ação em favor de funcionários do Banco do Brasil, solicitando
equiparação com os do Banco Central, apesar de ganha em última instância, com
sentença transitada em julgado, não foi paga. O Banco, fora do prazo, inventou
um recurso para esfera superior, para protelar o pagamento, em uma evidente
demonstração de má fé. E ninguém faz nada. Cada leitor poderia apontar vários outros exemplos.
Na realidade, a culpa não reside só no
Judiciário. Também é do Legislativo e do Executivo. Há necessidade de controle
externo dos três poderes, apesar de o Legislativo e o Executivo afirmarem que
já os possuem. Porém, eles são
ineficientes e ineficazes. E o Judiciário precisa também de ter um efetivo. O
Conselho Nacional de Justiça está sendo esvaziado. É inaceitável a situação
atual, em que, de fato, ninguém controle ninguém. O corporativismo impera. Cada
um faz o que quer. Aumentam seus próprios salários, contratam parentes e
apaniguados sem concurso. É a política da nova administração de criar empregos.
Só para os correligionários. Enquanto isto, milhões de brasileiros sequer
conseguem um modesto trabalho, com carteira assinada, para receber um salário
mínimo, devido ao cruel modelo econômico em execução, o mesmo da administração
FHC.
A Sociedade Brasileira não suporta mais
a extorsão a que é submetida todos os dias, pelos eternos marajás. A atual
administração já procura aumentar a carga tributária total para 40% do
PIB. De um lado, os privilegiados,
detentores de todas as benesses materiais existentes. Viagens de primeira
classe, a preços mais baixos, para o mundo inteiro. Várias e abundantes
refeições, todos os dias, de preferência "churrascadas" com
"peladas", pagas pelos contribuintes. "Boquinhas" para os
correligionários. No meio, a classe média em extinção, sendo explorada por
todos e ainda sendo culpada, pela mídia amestrada, pelo "privilégio"
de poder aposentar-se. Do outro, a classe denominada de menos favorecida, que
sobrevive graças a expedientes diversos, recebendo bolsas de toda ordem,
fazendo até “gatos”, acomodada à pobreza.
As recentes “benesses” criadas por
integrantes do Judiciário, como auxílio-educação de cerca de R$ 1.000,00,
férias de vários meses, expedientes enforcados, aumentos desmesurados de
rendimentos, em um momento no qual praticamente todos os segmentos da sociedade
sofrem um violento processo de privação material de toda ordem chega a soar
como uma agressão. No mínimo, significa insensibilidade social. O anúncio da
existência de cerca de cem milhões de processos significa não apenas o ambiente
de desagregação social atravessado pelo país, como a desmesurada exploração dos
cidadãos e contribuintes, por empresas inescrupulosas, pelas administrações
federal, estaduais e municipais e pela excessiva burocracia do rito processual
vigente no sistema judiciário.
O formalismo supera a objetividade, atingindo as
raias do absurdo, sacrificando o essencial pelo supérfluo. Processos demoram
meses parados e outros períodos exagerados de tempo para passar de uma mesa
para a mesa vizinha. Exigências exageradas são impostas, atrasando por mais
vários meses o andamento dos processos. Muitas vezes sentenças são proferidas
sem a devida leitura dos processos por juízes, que delegam a função para
assessores sem preparo,
não concursadas. As partes e seus advogados são tratados com
indiferença por muitos magistrados, que olvidam sua condição de servidores
públicos, prejudicando a imagem da maior parte dos seus colegas, capazes de
entender que estão julgando fatos capazes de afetar significativamente seres
humanos com carências inadiáveis e não peças inanimadas.
E a solução? Ela existe. Principia pelo
fato de que os cidadãos façam as escolhas certas, na hora correta e
reivindiquem junto aos órgãos superiores seus direitos.