FORÇAS ARMADAS DO
BRASIL
Artigo publicado em 25/05/2017 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Assessor Especial da Presidência da ADESG, Membro do Conselho Diretor do
CEBRES, Fundador da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano.
O
Desenvolvimento Nacional pressupõe o desenvolvimento por igual das cinco
expressões do Poder Nacional: política, econômica, psicossocial, militar e
científico-tecnológica. De nada adianta para um país desenvolver-se apenas, por
exemplo, na expressão econômica, caso não evolua nas demais. Será uma mesa
desequilibrada, com seus pés, cada um de um tamanho diferente. É o caso do
Japão. Atingiu o desenvolvimento econômico, mas não tem desenvolvimento
militar. Já os EUA são a potência mundial, de caráter hegemônico, porque
desenvolveram as cinco expressões do Poder Nacional. O Brasil, infelizmente,
ainda não conseguiu obter o desenvolvimento em nenhuma das expressões. No
passado, já havíamos atingido a etapa do crescimento econômico, Mas agora
regredimos. Devemos voltar a obtê-lo para conseguir então o desenvolvimento
econômico. Devemos alcançá-lo para, então, partir para atingir o
desenvolvimento das demais expressões. A última, em geral, é a expressão
militar, porém não devemos descurar dela, pois uma nação só obtém
desenvolvimento, caso tenha segurança. Sem segurança, não há desenvolvimento e
sem desenvolvimento não haverá segurança. É necessário fortalecer, e muito, a
expressão militar, a fim de que possamos proteger nosso povo, nossas riquezas e
nosso imenso território.
Depois do domínio econômico, vimos a
crescente influência da língua, da cultura, na expressão psicossocial
brasileira. Na Espanha, por exemplo, as palavras são traduzidas para a língua
pátria, até no McDonald's. No Brasil é "drive thru"
mesmo. Na saúde, perdura o caos. A assistência pública é incapaz de atender aos
pacientes sem recursos e os planos particulares de saúde começam a falir, como
era esperado. Na educação, prepara-se a privatização das Universidades
Públicas. A previdência continua a ser destruída, esforçando-se as sucessivas
administrações em retirar todos os direitos adquiridos dos trabalhadores,
obtidos duramente ao longo de décadas. Na segurança pública, a vergonha
definitiva. A verdadeira guerra civil desencadeada pelo Primeiro Comando da
Capital (PCC) e seus concorrentes representa o "tiro de misericórdia"
nos "responsáveis" pela segurança pública em São Paulo e no Brasil.
Os presidiários mostraram-se mais organizados que os órgãos de segurança.
Na
expressão política, o sistema financeiro internacional continua a eleger e
derrubar presidentes e outros menos votados. O Congresso demonstra um grau de
corrupção acentuada. Deputados mudam de opinião em troca de benesses diretas e
indiretas. Os eleitos são perfeitos representantes do nosso Legislativo. Era de
se prever que a influência chegaria à expressão militar. O percentual de gastos
com defesa em relação ao PIB caiu para 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto),
número que vem se mantendo estável há duas décadas. O gasto total do Ministério
da Defesa em 2016 foi de R$ 87,6 bilhões. O grosso do dinheiro (73,7%) vai para
pessoal. A segunda maior despesa é custeio, 13,6%, enquanto investimentos somam
10,4%. E a mídia amestrada silencia.
A solução
principia em lutar, passo a passo, pelo resgate da pátria perdida. Em investir
pesadamente no soerguimento da indústria bélica do Brasil. A ENGESA e a IMBEL
deverão ser recuperadas. A EMBRAER, mantida sob controle
nacional e estimulada. Somente assim teremos um razoável nível de independência
tecnológica na área militar. O exemplo da Argentina no triste episódio da
guerra pelas Ilhas Malvinas é esclarecedor. Perderam o controle do Teatro de
Operações, porque acabaram seus mísseis e nenhum outro país abasteceu-os ou
ajudou-os na reposição.
A Marinha investe no programa de submarinos convencionais e nuclear. Em 2015, a rubrica de fabricação de quatro modelos diesel-elétricos recebeu só R$ 35 milhões dos R$ 294 milhões planejados, sendo "salva" pelos restos a pagar de outros anos. O Exército investe no programa de proteção de fronteiras e na troca da sua frota de blindados pelo modelo Guarani, bem como na guerra cibernética. Na FAB, os focos são os caças suecos Gripen e a fabricação do cargueiro e avião-tanque KC-390, da Embraer. Este último só recebeu pouco mais de 10% do previsto em 2015 e sofreu atrasos em seu cronograma, mas em 2016 ficou com quase o dobro da verba inicial: R$ 816 milhões.
É vital
ainda investir na tecnologia nuclear, para que possamos dominar o processo,
hoje ao alcance de vários países do mundo. E, em especial o domínio da
tecnologia de fabricação e lançamento de VLS. Para o ministro da Defesa, as
Forças Armadas brasileiras ainda estão a "léguas" do nível adequado
de investimento. E, apesar da retomada de 2016, pode haver algum corte neste
ano. "O contingenciamento poderá ocorrer, está sendo discutido".
"Houve uma recomposição, na qual trabalhamos, mas ainda falta muito para
voltarmos ao pico do começo da década de 2010". Naqueles anos começaram a
entrar em vigor os programas do acordo militar
Brasil-França de 2009, o maior do gênero da história brasileira, que assegurou
a montagem de 50 helicópteros de transporte e a instalação do programa de
submarinos. "Depois, [o investimento] só caiu, levando ao risco de
canibalização dos programas”.
Vamos
dotar nossas Forças Armadas de meios que lhes possibilitem defender
efetivamente o Brasil, bem como cumprir suas funções constitucionais. E, para
isto, é importante que, mantido o ministério da Defesa, o novo ministro seja um
profissional que entenda do assunto, familiarizado com os assuntos específicos.
Não é possível inventar!