ESQUIZOFRENIA DOMINANTE-II
Prof. Marcos Coimbra
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da
Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do
livro Brasil Soberano.
(Artigo publicado em 07/03/2013-MM)
No artigo anterior abordamos este
tema de um modo mais abrangente. Hoje, analisaremos o mesmo assunto, porém
enfocando o Brasil e mais especificamente o Rio de Janeiro.
O primeiro item esquizofrênico
reside no paradoxo existente quanto aos automóveis. Enquanto a União procura
estimular no limite da irresponsabilidade a aquisição de veículos por parte da
massa, com ênfase nas classes emergentes, por intermédio de vários ardis,
levando famílias sem a menor condição econômico-financeira para tal a
comprá-los, sem possibilidade de mantê-los, as administrações estadual e
municipal, na prática, sinalizam em sentido contrário. Não há um sistema de
transportes públicos em condições de garantir ao povo seu deslocamento,
obrigando-o a utilizar o automóvel próprio.
Metrô e barcas, que seriam a
principal opção do transporte de massa, revelam-se inteiramente ineficientes,
ineficazes e caros. O serviço de ônibus é privilegiado, através da clara
intenção dos atuais governantes em impedir o progresso dos principais vetores
de transporte público. Os motoristas são extorquidos por vários agentes,
públicos ou não, a começar pelos “flanelinhas”. A
“indústria de multas” funciona a todo vapor possuindo até metas de arrecadação
(prefeitura do RJ). O IPVA do Estado do RJ é o maior do país. Quanto é investido
em Educação no Trânsito?
A drástica aplicação da feroz
“Lei Seca” apresentada como panacéia para todos os
problemas de violência do trânsito cria a figura do “criminoso temporário”, ou
seja, aquele cidadão que, ao comemorar seu aniversário, bebe uma taça de vinho
e passa a viver o drama de passar a ser um criminoso a ser duramente
penalizado, caso seja abordado por uma barreira dos “defensores da lei e da
ordem”, leões ferozes para com ele, mas mansos gatinhos quando devem enfrentar
os verdadeiros criminosos. Enquanto isto um cidadão condenado a dezenas de anos
de prisão pelo assassinato de seu pai e de sua
madrasta sai do julgamento em liberdade.
As estatísticas sobre acidentes
com veículos, com vítimas fatais ou com feridos, apresentam como principal causa
a imprudência do motorista, não só por dirigir
embriagado (não com uma taça de vinho), como também por não respeitar sinais de
trânsito, ultrapassagem perigosa, rachas, falta de conhecimento nas descrições
de placas de sinalização, demonstração de poder automotivo e péssimas condições
das vias urbanas, intermunicipais e interestaduais. Segundo levantamento da
Agência Nacional de Transporte e Trânsito (Agetran)
de Campo Grande-MS, realizado no primeiro trimestre
de 2010, velocidade é o principal motivo de mortes causadas por acidentes de
trânsito na Capital. De acordo com os dados , 26% dos
óbitos registrados foram motivados pela alta velocidade. Em segundo lugar
aparece a infraestrutura com 20%, seguida de motociclista (16%), jovem condutor
(11%) e álcool (4%). É interessante o fato de ser extremamente difícil obter
dados semelhantes em outras capitais do país.
Outro ponto esquizofrênico reside
na “garantia de segurança” alardeada pelo Estado do RJ, quando da implantação
das chamadas UPPs. O trafico continua a existir,
embora de forma mais discreta, e os recentes confrontos no Complexo da Penha,
no Complexo do Alemão e os frequentes tiroteios no Leme (Chapéu Mangueira) são
exemplos contundentes de que não é bem assim. E a grande questão é saber se
estas unidades continuaram ativas após a realização dos eventos esportivos
programados até 2016, inclusive.
Outra esquizofrenia pode ser
encontrada no conflito entre um órgão do Estado do Rio (Cedae) e a
concessionária de serviços de luz (Light), quando da recente calamidade pública
na qual milhões de pessoas ficaram sem água, durante
dias, sob um calor senegalesco, onde uma procurou
empurrar a culpa sobre a outra, quando ambas são (ir)responsáveis por
incompetência. E agravada pelo trágico episódio da morte de um casal no Leblon,
bairro de residência do governador, em um incêndio, onde,
de acordo com testemunhas, os bombeiros chegaram ao local somente 35 minutos
depois do início do incêndio, os hidrantes da rua estariam sem água e a escada Magirus chegou após uma hora o início do fogo (só existem
três nos batalhões da capital). Afinal, para onde vão os vastos recursos
arrecadados com a cobrança da famigerada taxa de incêndio (Funesbom).
Será que é para os automóveis de luxo da cúpula do órgão?
E, para culminar, as
administrações estadual e municipal do Rio de Janeiro estão “privatizando” os
respectivos setores de saúde, através de Fundações e Organizações Sociais (OSs), cometendo as maiores arbitrariedades contra os
servidores públicos, obrigando-os, sob pena de serem
transferidos para unidades longínquas, a aceitarem a cessão a estas ONGs com
finalidades lucrativas e eleitoreiras, onde é regra um humilhante processo de
“ponto biométrico”, quando o servidor coloca seus dedos em uma máquina para
maior controle pelos “administradores” e “governantes”, os quais deveriam dar o
exemplo, trabalhando melhor e por mais tempo em sua sede, ao invés de viajarem
por longo tempo para a Europa (Paris, em especial) e EUA. Não existem condições
adequadas de trabalho. A alimentação é péssima e quem faz plantão de 24 horas
não possui acomodações dignas para higiene e descanso. Enquanto isto, o viaduto
da Perimetral é destruído para atender ao interesse de alguns ricos
empresários, a Marina da Glória idem e a taxa de iluminação pública completa o
quadro. O maior traço esquizofrênico consiste em saber como os eleitores elegem
em primeiro turno estes políticos.
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