ESQUIZOFRENIA DOMINANTE
Prof. Marcos Coimbra
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da
Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do
livro Brasil Soberano.
(Artigo publicado em 28/02/2013-MM.)
Ao retornar de férias, voltamos a
presenciar a predominância na sociedade mundial de comportamentos, ações e
atitudes esquizofrênicas. A esquizofrenia caracteriza-se quando comportamentos
abertamente desviantes se manifestam em um sistema. O que é válido para
qualquer conjunto, seja ele um indivíduo, um país ou o mundo.
Na área internacional, persistem
episódios dantescos, abrindo sérios precedentes, capazes de ameaçar todos os
países. Virou moda o ataque dos modernos corsários a países detentores de
matérias primas, em especial petróleo ou outros recursos naturais escassos nas
nações agressoras e até mesmo daqueles passíveis de abrigar portos ou dutos de
interesse estratégico. Primeiro o Iraque, sob o pretexto de possuir armas de
destruição em massa, até agora não encontrados. Depois, a Líbia.
Simultaneamente, Afeganistão e Paquistão.
Continua a agressão à Siria,
realizada por hordas de mercenários estrangeiros, a soldo dos interesses de
diferentes países, sob o pretexto de derrubada de um feroz ditador, Bashar Al-Assad, com o apoio de grupos locais de etnias diferentes
daquelas que estão no poder. Ora, todos sabem que ele de fato não é o único
ditador da região. De onde surgiram as “forças rebeldes”, com armamento e
munição farta, em um regime dito tirânico? Recursos da Líbia, então país
soberano, aplicados nas nações mais ricas, foram confiscados e sua utilização
transferida para os “rebeldes”. E as graves consequências da queda do ditador
Kadhafi estão provocando calafrios na comunidade internacional, com o
fortalecimento da Al-Qaeda. Amanhã poderá ser qualquer outro
país, inclusive o Brasil.
No campo econômico persiste o
impensável. Os resultados das eleições na Itália levam ao caos o país, bem como
afetam toda a União Européia. Um candidato de protesto obtém a terceira maior
votação. É a previsível reação irada da massa da população atingida por duras
medidas de contenção, as quais afetam diretamente o
Estado de bem-estar Social tão duramente alcançado ao longo do tempo.
A indignação se alastra por toda
a Europa, pois direitos adquiridos estão sendo atingidos. Até aposentadorias e
pensões, além, é óbvio, da eliminação de oportunidades de trabalho. As taxas de
desemprego atingem valores absurdos principalmente nos mais jovens. Enquanto
isto os “donos do mundo” e seus agentes permanecem acumulando riquezas imorais.
Bilhões de euros e dólares são “doados” aos grandes e verdadeiros responsáveis
pela crise mundial. Será que os detentores do poder político ainda não tiveram
a sensibilidade de perceber que estão criando as condições para uma revolta sem
precedentes em seus respectivos países? Até quando o combalido dólar persistirá
como moeda-padrão no mundo? Que venha o bancor de Keynes!
Uma contundente denúncia sobre o
insidioso papel desestabilizador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), cujos
recursos para fundação da entidade, em 1948, provieram da Fundação John D.
Rockefeller, partiu do cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé do Vaticano (hoje papa Bento XVI). Em uma entrevista à Folha
de S. Paulo de 10 de junho de 1997, ele afirmou: "Grande parte dos
bispos católicos da América Latina se lamentam comigo do fato de que o Conselho
Ecumênico de Igrejas [como o CMI também é conhecido] tem dado grande ajuda a
movimentos de subversão, ajuda que talvez tivesse boas intenções, mas que
acabou sendo bastante danosa para o Evangelho."
No Brasil, essa campanha de
subversão permanente transcende a frente dos direitos humanos. De fato, o CMI
tem financiado e promovido diversas iniciativas contra o desenvolvimento e a
soberania do País, com ênfase nas questões agrárias, ambientais e indigenistas,
além de ser um dos principais promotores das campanhas de desarmamento civil.
Entre as organizações não-governamentais (ONGs) que
recebem o seu apoio direto, destacam-se o Movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra (MST), Via Campesina, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB),
Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Instituto Socioambiental (ISA).
Praticamente cada grande projeto de infraestrutura e logística implementado no País, nas últimas décadas, tem se defrontado
direta ou indiretamente com uma ação do CMI.
Em nosso país, não existem
recursos para aplicação na infra-estrutura
econômico-social (saúde, educação, segurança, energia, transportes,
comunicações, ciência e tecnologia), mas eles aparecem milagrosamente para
obras ou empreendimentos faraônicos como Olimpíadas, Copa do Mundo, “trem-bala”
(no mínimo, 60 bilhões de reais) etc. Parece que as necessidades coletivas e
básicas do povo brasileiro já foram atendidas e agora é hora do circo. A
corrupção alcança patamares de pandemia. É difícil achar um órgão, nas três
esferas de administração, capaz de passar incólume por uma devassa.
A União possui mais de 20.000
cargos de nomeação política para manter a “coalizão presidencialista”, fora os
demais atrativos, como os 38 ministérios. Imaginem o número adicional de cargos
de governadores, congressistas, prefeitos e suas respectivas e inúmeras
assessorias. Enquanto isto a presidente Dilma tem a coragem de vetar o aumento
real já acertado para os aposentados com valores acima de um salário mínimo. É
o paroxismo da crueldade e da prepotência. Até quando?
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