ERROS GRAVES
Artigo
publicado em 04.12.14-MM
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Existem erros corriqueiros, de fácil
correção. Porém, há outros bem graves, capazes de ocasionar consequências
danosas ao sistema institucional. Abaixo, comentaremos dois deles.
De acordo com o artigo 144 da Constituição do
Brasil a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II
- polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV - polícias
civis; Segundo ainda a nossa legislação, a Operação de Garantia da Lei e da
Ordem (Op GLO) é uma operação militar determinada
pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas de forma
episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por
objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos para isso previstos no
art. 144 da Constituição ou em outras em que se presuma ser possível a
perturbação da ordem (Artigos 3º, 4º e 5º do Decreto Nº 3.897, de 24 de agosto
de 2001).
Ora, é evidente que é um grande erro o modo como
tropas das Forças Armadas estão sendo empregadas no Estado do Rio de Janeiro,
pois a GLO apenas deveria ser utilizada em caso de falência do Estado no
estabelecido em nossa Carta Magna, sendo de responsabilidade de seus
Comandantes a estrita observância dos ditames legais. É inconcebível a
permanência da tropa em área urbana, em caráter
permanente, através do artifício de sucessivas solicitações do governador,
agindo como polícia, sem o devido amparo legal para as ações que deveriam estar
sendo feitas.
Ou seja, a decretação de intervenção militar na
área determinada, sob o comando de um oficial general, com liberdade de ação,
sem as amarras das restrições impostas pelos limites das ações de segurança pública.
O soldado é preparado para o combate em defesa da Pátria contra o inimigo
externo ou interno. Como admitir sua atuação como polícia comum, em um local
como o Complexo da Maré, território inteiramente inadequado para uma ação
militar convencional? A tropa era para ter saído em julho. Sua permanência foi
prorrogada até dezembro e já está sendo solicitada novamente.
O cabo Michel Augusto Mikami
é o primeiro mártir a ser sacrificado nesta empreitada que, a rigor, apenas
rende dividendos eleitorais a políticos acostumados a utilizar terceiros em
benefício pessoal. O cabo era um cidadão que tinha esposa e filho. Como eles
ficarão? Receberão uma ínfima pensão. E se ocorresse o contrário, fato que vai
acabar ocorrendo um dia? Os defensores dos “direitos humanos” iam crucificar o
soldado, acusando-o de assassino, de torturador, pedindo a punição severa dele
e de seus chefes. E a família do morto receberia indenizações substanciais.
Para
agravar, um grupo de jovens do Complexo, que evidentemente não representa
todos os moradores do conjunto de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro,
comemorou nas redes sociais o tiro na cabeça que resultou na morte do
jovem militar, com
vídeos do local. Inclusive, corre na Internet o seguinte desabafo de um
correspondente que se apresenta como fuzileiro naval: “Ao término do período
que lá estive, refleti e me fiz a seguinte pergunta :
O QUE EU VIM FAZER AQUI ? E confesso que não tenho resposta”. Quem já vibrou
dentro de uma farda entende a revolta de quem está escrevendo este texto. Até
quando iremos sacrificar nossos soldados?
Outro evidente equívoco é a forma como
está sendo conduzida a reforma política, a reboque dos desejos petistas de se
eternizarem no poder. Em debate realizado no dia 27.11 sobre a reforma
política, o vice-presidente Michel Temer, o presidente do TSE, Dias Toffoli, e o senador eleito José Serra (PSDB-SP) disseram
ser contrários ao fim do financiamento privado das campanhas eleitorais. Sobre
o financiamento das campanhas, Toffoli criticou
doações de empresas que recebem financiamentos de bancos estatais para fazerem
seus investimentos. “A JBS doou R$ 353 milhões, dentro do limite legal de 2% do
seu faturamento, e o que se pode fazer? Nada. Essa empresa tem financiamentos
em bancos oficiais e pegam esse dinheiro para fazer investimentos e não para
ajudar candidaturas. Em nenhum lugar se tem a liberdade que se tem no Brasil.
Acho que deveria ser o caso de se estabelecer um teto uniforme. Sou contra o
financiamento publico exclusivo porque cria distorções”.
Temer defendeu que as empresas possam doar, mas
para candidatos e partidos com os quais tenham identidade programática. “Quando
houver doação empresarial, deveria optar por um partido e não por todos com a idéia que 'estou dando para depois receber”.
Serra afirmou que. se o
Congresso proibir a doação privada, aumentará a captação por meio do caixa
dois. “Se chega a aprovar isso vai causar uma grande confusão no país. E, por
favor, não me venham com a historia do escândalo da Petrobras, que tem a ver
com a eleição. Isso é pretexto que se usa, porque o mal é dos homens. Quem
corrompe o poder são os homens, não o contrário. Esse
processo empresarial se for proibido será mais corrompido que o sistema atual”.
A questão merece um debate profundo. Voto
facultativo, distrital, tempo igualitário para todos os candidatos a cargos
executivos e outros.
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