ENGARRAFAMENTOS EMBLEMÁTICOS
Artigo
publicado em 01.08.13-MM
Prof.
Marcos Coimbra
Membro do
Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da
Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
O engarrafamento sofrido pelo Papa
Francisco na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, é emblemático. O
erro foi indesculpável, demonstrando uma falha na segurança, envolvendo cerca
de 30.000 agentes, no global, após meses de planejamento e treinamento dos
responsáveis. Até o momento em que escrevemos este artigo, não foi divulgada a
informação de quem teria sido o (ir)responsável pela
lambança. Assistimos a um jogo de empurra de responsabilidades, desde a
prefeitura aos agentes federais. Talvez nunca saibamos quem errou, mas a
argumentação de que nada aconteceu de grave não é aceitável. A brecha foi
aberta para uma tragédia acontecer, não efetivada por graça divina e a falha
foi explorada à exaustão por especialistas e pela mídia.
A leitura diária dos periódicos mostra,
a todo instante, os “engarrafamentos” ocasionados pela incompetência
demonstrada pelos atuais detentores do poder político no Brasil, os quais
possuem um projeto de manutenção no poder de verdadeiras “quadrilhas
organizadas”, ao invés de apresentar à sociedade brasileira um projeto nacional
de desenvolvimento. As manifestações populares autênticas ocorridas no país
mostram de modo contundente a insatisfação do cidadão diante do descalabro, da
anarquia, da incapacidade de governança e de gestão, da exploração desenfreada
praticada pela classe política, de um modo geral, por corruptos e corruptores
de toda ordem, que já se acostumaram à exploração desenfreada do povo
brasileiro.
O governo afirma não haver recursos
para atender às necessidades coletivas da população, mas eles existem para
projetos faraônicos, perdão para dívidas milionárias de outros países,
licitações fraudulentas de grande magnitude, manutenção da enorme máquina de
corrupção, eivada de fisiologismo e nepotismo, capaz de exaurir o fruto do
trabalho empreendido pelos agentes produtivos do sistema econômico.
Normalmente, apenas são eleitos
os políticos comprometidos com este perverso processo, pois recebem doações
milionárias de grandes empresas, na realidade um investimento com o objetivo de
obtenção de um retorno muitas vezes maior, por intermédio de contratos
obscuros.
Existe a prevalência do interesse
individual sobre o interesse coletivo, ao contrário do ocorrido em países mais
desenvolvidos e justos. Exemplos gritantes podem ser citados, como a não
correção pelo governo federal das aposentadorias dos beneficiários do INSS,
recebedores de estipêndios superiores a um salário mínimo, enquanto perdoa
dívidas de centenas de milhões de dólares de países, onde a miséria campeia,
mas seus dirigentes são bilionários, para facilitar os negócios de grandes
empreiteiras. E a eleição de “vencedores” em setores empresariais pelo BNDES
(ao custo de bilhões), além da “maquiagem” das Contas Nacionais?
Os gastos em publicidade são monumentais,
flagrando-se a veiculação, várias vezes por dia, nas emissoras de televisão, em
especial, de artistas populares, em geral os mesmos, simpáticos a partidos
políticos da base governamental, que recebem elevadas quantias para realizar a
propaganda ostensiva da administração da candidata à reeleição.
A existência de 39 ministérios com mais
de 22.000 cargos de confiança preenchidos por “companheirismo” e não por
mérito, a fim de possibilitar o denominado “presidencialismo de coalizão”,
caracteriza o desperdício injustificado dos recursos auferidos através da arrecadação
de cerca de 40% do PIB sem haver a contrapartida da prestação de serviços
dignos de Saúde, Educação, Segurança, Saneamento, Transportes etc.
A insistência na construção prioritária
do “trem-bala”, da ordem de no mínimo 60 bilhões de reais, é suspeita,
considerando-se a inexistência de malha ferroviária adequada às carências do
país, em especial considerando-se a triste situação do Rio de Janeiro, onde
nosso “metrô” possui apenas uma linha com uma extensão para atender milhões de
usuários, privilegiando o transporte por ônibus, na contramão de grandes
cidades como Nova Iorque, Paris e Londres com inúmeras linhas.
E, por último, é preciso destacar a
demonstração de competência do novo Papa argentino Francisco, o qual, mercê de
seu carisma, simplicidade e simpatia, é um exemplo de
figura pública a ser seguido por políticos brasileiros, tão arrogantes,
presunçosos e incapazes. Seu pronunciamento contra a legalização das drogas foi
contundente e oportuno.
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