ENCRUZILHADA DECISIVA
Artigo
publicado em 23.10.14-MM
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Em artigo publicado neste espaço em
11.09.14 com o título “O Brasil será o grande perdedor” escrevemos sobre o
tema, ao qual retornamos a poucos dias do segundo turno da eleição para
presidente da República do Brasil, onde afirmamos: “Seja quem for o vencedor do
próximo pleito presidencial em nosso país, os brasileiros serão os grandes derrotados”.
Isto porque nenhum dos candidatos na
disputa final, em nosso entendimento, revelou-se preparado para dirigir o país
na difícil situação projetada para os próximos anos, em especial em 2015. A
situação econômica é grave. Temos uma taxa de inflação acima do teto da meta,
apesar do represamento de inúmeros setores (energia, combustíveis e outros), um
crescimento pífio do Produto Interno Bruto (PIB) com a previsão de algo bem
inferior a 1%, um déficit estimado do Balanço de Pagamentos em Transações
Correntes no corrente ano de cerca de US$ 80 bilhões, uma taxa de desemprego,
segundo o DIEESE de 10,8% em junho do corrente ano, de 11,7% na região
metropolitana de SP no mês de agosto e de 7% segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, contra 5% da Pesquisa Mensal de
Emprego (PME), uma dívida externa de US$ 526,3 bilhões, considerando os empréstimos intercompanhia de US$ 197,9 bilhões. É oportuno salientar
que as pesquisas sobre desemprego não estão sendo realizadas com a amplitude
devida, em função de pretextos vários e suspeitos às vésperas da eleição.
O
real está sobrevalorizado devido à atuação do Banco Central. Estima-se um forte
reajuste após as eleições. A taxa de investimento não consegue ultrapassar o
patamar de 18% e a taxa de poupança fica em 14% do PIB. O ministro da Fazenda
torna-se um “pato manco”, pois já foi anunciada sua saída ainda restando quatro
meses de “governo”.
Isto
sem contar o Passivo Externo Bruto, em torno de US$ 1,3 trilhão já em 2010,
segundo o Prof. Reinaldo Gonçalves. A corrupção campeia livremente sem ser devidamente
coibida. Centenas de milhões de dólares são doadas a “governos amigos”, com o
perdão de dívidas, ou através de financiamentos do BNDES a empreiteiras
privadas, generosas doadoras de campanhas eleitorais, que também nunca serão
ressarcidos devidamente. Ganham as empreiteiras, os países agraciados e perde o
povo brasileiro. E ainda afirmam que não temos recursos para investir na saúde,
na educação, na segurança, enfim, na infra-estrutura
econômico-social. Até para os quase dez milhões de aposentados que recebem
pouco mais de um salário mínimo de aposentadoria não há dinheiro para reposição
de seus “benefícios”.
A candidata à reeleição revelou-se incapaz de
administrar o Brasil de forma sequer razoável. A sequência de escândalos já
atinge o limite máximo imaginado. O último, realçado pelas bombásticas
revelações do Sr. Paulo Roberto, fere profundamente a todos nós, defensores
ferrenhos da nossa eterna Petrobras. É triste verificar o aparelhamento
político-partidário da empresa símbolo do Brasil com suas nefastas
consequências.
O “mensalão 1” já foi uma
dose cavalar. Seguiram-se então Pasadena, Abreu Lima, Comperj
e outros. Não é possível acreditar que a “grande gerente”, tendo sido ministra
de Minas e Energia, da Casa Civil, presidente do Conselho de Administração da
Petrobras e agora na Presidência, de nada sabia. Neste caso, então é de uma
incompetência gritante. Se sabia e nada fez é no
mínimo conivente.
Com a reeleição, teremos a progressiva implantação
de um regime bolivariano no Brasil, a exemplo do ocorrido na Venezuela, Bolívia
e outros sob a inspiração castrista. Os exemplos da Venezuela e da outrora
próspera Argentina são gritantemente esclarecedores das consequências do
populismo autoritário e da incompetência explícita. Se agora, já está assim,
imaginem se a reeleição de Dilma ocorrer. Teremos a aplicação, na prática, dos
piores pesadelos dos defensores da democracia, com a confirmação das previsões
do genial escritor George Orwell (Eric Blair). E o pior. A falta de
confiabilidade das urnas eletrônicas de primeira geração da empresa Diebold, que está sendo processada nos EUA.
Estava prevista para esta eleição a impressão do
comprovante do voto eletrônico para possibilitar a confiabilidade do sistema
com a apuração em paralelo de pelo menos 2% das urnas no Brasil, mas
estranhamente o Supremo Tribunal Federal derrubou esta norma. O Brasil
tornou-se assim o único país do mundo a utilizar urnas eletrônicas de primeira
geração sem impressão de comprovante. Até mesmo a Venezuela emprega o sistema
de 2ª geração. Os institutos de pesquisa apresentam resultados díspares,
ensejando uma situação indefinida, como a induzir o eleitor a sufragar o candidato(a) que estiver na dianteira numérica e a preparar
a opinião pública a aceitar sem tergiversação o resultado a ser divulgado no
domingo, rápido, mas de baixo nível de confiança.
Aécio possui compromissos políticos que dificultam
a administração do país como é preciso. Precisa livrar-se da dependência a FHC
para ser bem sucedido, Afinal, o pecado mortal da reeleição foi cometido pelo
sociólogo, quando na prática prorrogou seu mandato por mais um período.
Resta-nos apoiar a quem cause menos prejuízo ao
nosso Brasil, para pelo menos poder manter a possibilidade de alternância no
poder, o que será impossível caso ocorra a reeleição
petista. Nunca mais sairão, a exemplo da Venezuela. Trata-se de uma
encruzilhada decisiva.
Endereço
eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br