DESOBEDIÊNCIA
CIVIL
Artigo publicado em 14/05/2015 -
Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
Mahatma Gandhi foi um dos principais
líderes mundiais, de todos os tempos. De
estatura modesta, magro, desarmado, movimentava milhões de indianos contra a
opressão inglesa. Foi preso, sofreu muito, mas acabou alcançando seu objetivo
principal: a independência da Índia. Um dos mais
importantes instrumentos utilizados por ele foi a desobediência civil na qual o
povo indiano desarmado (pelos antecessores do Viva
Rio?) enfrentava a tirania dos poderosos, escudados em canhões, navios de
guerra, metralhadoras, enfim toda a parafernália bélica da qual o império
britânico era detentor.
Analisando a conjuntura brasileira,
identificamos o Poder Executivo, utilizando a mídia amestrada, docemente
corrompida, com "musos e musas"
cooptados, com o poder de censurar e vetar até qualquer referência a
quem desagrade aos “detentores do poder político", seus patrões, fazendo o
que querem. E ainda possuem a desfaçatez de pregar, contra a censura, em favor
da liberdade de expressão, quando são os primeiros a exercer seu arbítrio,
censurando os que pensam diferentemente. O Poder Legislativo, submisso, mendigando cargos e verbas,
com honrosas exceções.
Até o Poder Judiciário (STF),
considerado antigamente como última esperança, dobrou-se, decidindo, tempos
atrás, por 10 votos a 1, rasgando a Constituição e
abrindo o caminho para a “balcanização” do Brasil. A
administração petista, grande e verdadeira responsável pela grave crise
sistêmica enfrentada pela Nação, possui poderes ditatoriais. Fazem aquilo que
querem, sem oposição significativa.
A propósito da intenção da
administração petista de subtrair direitos dos trabalhadores, aposentados e
pensionistas, quando a carga tributária chega a 36% do Produto Interno Bruto
(PIB), sem a contrapartida adequada, sob a forma de prestação de serviços de
atendimento às necessidades coletivas (saúde, educação, segurança, energia,
transportes, comunicações e outras), fica a idéia de
que a única solução é a desobediência civil. Nem os aposentados conseguem o
reajuste de seus parcos rendimentos em condições proporcionais às contribuições
impostas por décadas. A desculpa sempre é justamente a inexistência de recursos.
A falta de escrúpulos na maior parte
das administrações em seus três níveis (União, Estados e Municípios), bem como
nos três Poderes, é constatada a cada dia, explicitada por incidentes quase
diários. Já existem catalogados mais de cem escândalos de porte apenas na atual
administração petista federal. De fato, estão roubando muito. É praticamente
impossível encontrar um político que apresente uma declaração de bens na
entrada na “carreira” política com um patrimônio superior ao verificado na
saída. As poucas exceções confirmam a regra.
Comprova-se a deterioração
progressiva de praticamente todas as Instituições Nacionais e de sadias
tradições. Até a destruição da coesão social está sendo implementada,
com a importação de práticas exóticas praticadas em outros países, com
condições inteiramente diferenciadas das nossas, inclusive algumas delas já
abandonadas. Chegam a criar “quistos territoriais”, baseados em critérios
altamente suspeitos. Predomina a anarquia e a desordem em todo o território
nacional, em especial no campo. O critério do mérito é substituído pela
indicação política. A ignorância é glorificada e a educação ridicularizada.
Estamos constatando a existência de
graduados em nível superior, possivelmente aprovados obrigatoriamente, sem a
menor condição de exercer a profissão desejada. Serão os “analfabetos
funcionais”, agora com o título de doutor. Como pensar em reverter a grave
crise econômica que assola o mundo e nosso país, sem contar com o indispensável
capital humano de qualidade?
Fica a sugestão para os partidos
ditos de oposição e para as centrais sindicais que, ao invés de defenderem os
verdadeiros interesses dos trabalhadores, entram em conchavos vergonhosos com a
administração petista. Lutem, enquanto é tempo, por bandeiras justas, em
benefício do povo. Se não lutarem, estarão jogando-o no caminho da
desobediência civil, como a praticada atualmente por milhões de pessoas, que
não pagam conta de luz, pois possuem "gatos" (ligações clandestinas).
A autoridade governamental que
quiser verificar é só conferir, por exemplo, no Rio de Janeiro, comparando a
escuridão nos bairros de classe média, em comparação com outros logradouros,
fartamente iluminados, inclusive com o uso de aparelhos de ar condicionado. Ou
então observar os milhares de ambulantes que vendem de tudo, sem pagar qualquer
tributo, impedindo o livre trânsito das pessoas, em frente dos comerciantes
legalmente estabelecidos, em qualquer cidade grande. Ou nas centenas de
"vans" que praticam irregularmente o transporte coletivo,
estacionando em local proibido, engarrafando o já caótico trânsito das grandes
cidades. Ou na ação dos narcotraficantes ou milicianos que exercem de fato o
controle de vastas regiões, criando verdadeiras “áreas liberadas”, ocupando o
espaço vazio deixado pelo Poder Público.
É hora de um basta a esta anomia!
Lembramos que a teoria da anomia de Merton explica porque os membros das
classes menos favorecidas cometem a maioria das infrações penais, explica os
crimes de motivação política (terrorismos, saques, ocupações) que decorrem de
uma conduta de rebeliões e explica comportamentos como os do alcoolismo e toxicodependência.