CATÁSTROFES
DEVASTADORAS
Artigo publicado em 10/09/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Normalmente, a palavra catástrofe é
associada a um desastre ambiental de grandes proporções, como, por exemplo, o tsunami
sofrido pelo Japão em 2011 com suas graves consequências, inclusive afetando a
usina nuclear de Fukushima, com suas trágicas repercussões. Existem países que,
periodicamente, são assolados por uma série de desastres naturais, como
terremotos, vulcões e outros.
Felizmente, nosso país foi poupado
deste elenco de fatores adversos. Contudo, outro tsunami, ocasionado pela ação
humana, de elevadas proporções, assola nosso Brasil impiedosamente, em
praticamente todas as esferas administrativas: a corrupção. É evidente que esta
praga sempre existiu não só aqui, como em outras nações, porém o divulgado
hodiernamente sobre nossa atual situação é de estarrecer.
De início, é obrigatório parabenizar os
eficazes integrantes da Polícia Federal, em especial os responsáveis pela
operação Lava Jato, bem como o Ministério Público e a Justiça, com ênfase na
figura ímpar do Juiz Sérgio Moro, motivo de orgulho para a Magistratura
brasileira. Em seguida, enfatizar que três
assuntos estão em evidência no noticiário: a delação premiada do empresário
Ricardo Pessoa, que seria o chefe do cartel de empreiteiras da Petrobras; a
autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para abertura de
inquérito, a pedido do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, contra o atual ministro da Comunicação
Social, Edinho Silva, bem como também em relação ao senador Aloysio Nunes
Ferreira e ao ministro-chefe da Casa Civil Aloisio Mercadante; e o impacto da Lava Jato nos resultados
financeiros de importantes empresas brasileiras, em especial a nossa Petrobras.
Quanto ao primeiro item,
é esperado que também outros acusados aceitassem o instituto da “delação
premiada”, na tentativa de diminuição de suas penas, fazendo revelações, com as
necessárias comprovações, da verdadeira endemia que assola o país. Verificamos
a existência de quadrilhas muito bem organizadas, capazes de tudo para manter o
poder como um fim em si mesmo, com o nefasto propósito de enriquecimento
ilícito, ao invés de utilizá-lo como meio para consecução dos Objetivos
Nacionais Brasileiros. E a gestão administrativa é calamitosa.
Fortunas incomensuráveis
foram construídas a custa do contribuinte brasileiro, responsável pelo
pagamento de uma carga tributária de algo em torno de 36 % do Produto Interno
Bruto (PIB), sem a devida contrapartida. O cidadão brasileiro é obrigado a ter
plano particular de saúde, segurança privada, ensino particular e até
previdência privada, quase todas ineficazes, mas mandatórias devido à ausência
da prestação de serviços coletivos por quem arrecada os significativos tributos
de toda ordem.
No segundo item, de fato
chegamos a uma encruzilhada decisiva. Ou as Instituições do Estado passam o
país a limpo, punindo exemplarmente os criminosos, sem distinção de origem
partidária ou posição ocupada nos três Poderes ou o Brasil não sobreviverá
enquanto Nação. A sociedade brasileira não suporta mais a leniência existente,
devido a vários fatores. Uma legislação permissiva e a aplicação de penas
incompreensíveis para o cidadão comum. Enquanto o ministro Joaquim Barbosa era
Presidente do STF havia a esperança de que os criminosos seriam exemplarmente
punidos. Agora, com menos de um ano de “prisão”, já estão em casa os principais
chefes da organização criminosa julgada pelo STF, enquanto os operadores, tais
como o Sr. Marcos Valério, continuam encarcerados, com pena muito superior a de seus chefes. E as
investigações podem até provocar a cassação do mandato presidencial.
No relativo ao terceiro
aspecto, os prejuízos ocasionados
à principal empresa brasileira, orgulho de todos nós, são de
difícil reparação. Conseguiram conspurcar a imagem dela, projetando uma imagem
negativa de sua atuação, em função da ação criminosa de verdadeiros
quadrilheiros, incapazes de respeitar este símbolo nacional, pois praticaram um
crime de lesa-pátria. Prestamos serviços à Petrobras por cerca de quinze anos e
somos testemunhas de sua importante contribuição para o Desenvolvimento
Nacional. O que aconteceu com a Petrobras deve de fato ter acontecido em praticamente
todos os setores da economia brasileira, pois estão envolvidas no escândalo as
maiores empreiteiras brasileiras, operadoras de obras importantes na maior
parte dos empreendimentos de porte realizados no país. E elas já estão sofrendo
as consequências.
Como estratégias
prioritárias para tentar enfrentar com sucesso esta endemia, sugerimos o
aprimoramento do processo educacional de modo a preparar adequadamente nossos
cidadãos para enfrentamento das armadilhas antiéticas plantadas pelos
“malignos” e a exemplar punição de todos os corruptores e corruptos assim
julgados pela Magistratura do país, propiciando o devido “efeito-demonstração”,
indispensável como exemplo para a população brasileira, que deve ter a certeza
da importância da honestidade, conscientizando-se da necessidade da implantação
da “tolerância-zero” em nossa sociedade. E não precisamos de corruptos e
corruptores em operações no exterior a agravar nossa triste realidade, com o
superfaturamento de obras e o desvio de vultosas verbas que deveriam ser
empregadas no país, desviadas para "doações" de caráter ideológico.
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(Artigo de 08.09.15-MM).