ALGUMAS RAZÕES DE INSEGURANÇA NO BRASIL
Artigo publicado em 16/06/2016 -
Monitor Mercantil
Economista Marcos Coimbra
Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia
Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
Na 6ª feira da semana retrasada, às 11:30 h, na Av. Presidente Vargas, um grupo de oito menores
com tijolos, divididos em três grupos, escolhiam no engarrafamento, em frente à
DPCA (do outro lado da pista), as vítimas a serem atacadas. E são os mesmos,
segundo testemunhas. As administrações municipais, estaduais e até federal
demonstram incompetência flagrante para vencer a barbárie existente.
Na atual conjuntura, quando até os
antes intocáveis "donos do poder" começam a ser atingidos pela
violência, pela qual são também responsáveis, o
assunto ganha relevo. Autoridades públicas de hoje passam a deter a
responsabilidade de serem comandantes do combate ao banditismo, na ocasião de
uma verdadeira guerra civil não declarada existente. É evidente que
dificilmente resolverão a grave problemática. Não possuem tradição, nem hábito.
Em seguida, falta competência e vontade política. Depois, o desafio exige a
ação de homens de têmpera de aço, de bem, verdadeiros estadistas, matéria-prima
escassa no Brasil de hoje, seja qual for a corrente política analisada. Há
exceções. Poucas. Sabe-se que o combate à violência deve ser concretizado
através de ações de curto, médio e longo prazo. No médio e longo prazo, há
necessidade de adoção de um novo modelo econômico, distante do neoliberalismo
imposto a nós pelo sistema financeiro internacional. É vital o fortalecimento
do mercado interno, a diminuição significativa da imoral taxa de juros
praticada, a adoção de um novo processo de substituição de importações,
procurando obter-se a autossuficiência na produção de itens estratégicos, a elaboração de um plano nacional de
desenvolvimento capaz de ser cumprido, a ascensão ao poder político de
brasileiros verdadeiramente patriotas e não de representantes de interesses
externos. Investimento na infraestrutura, o retorno do setor público à situação
de poupador positivo, por intermédio da diminuição da sonegação e de uma
reforma tributária capaz de fazer com que os bancos e os banqueiros paguem
também impostos proporcionais aos lucros auferidos. Isto na expressão
econômica.
Na expressão psicossocial, o mais
importante é o investimento maciço na educação, procurando recuperar a
qualidade perdida do ensino, desde o básico até o superior. A valorização de
nossa língua, costumes e tradições. O incentivo às atividades culturais, sem
“compadrio político”. O aprimoramento progressivo da saúde pública, buscando a
melhoria do seu atendimento e procurando a universalização do atendimento. A
adoção e o fiel cumprimento de código de ética para os meios de comunicação,
procurando, por intermédio de legislação adequada, evitar o monopólio e o
oligopólio da mídia, mas sem censura e sem sicários pagos por governos.
Na expressão militar, é significativo,
além da justa remuneração dos profissionais, o aumento de verbas destinadas ao
treinamento, adestramento e aprestamento da tropa. O investimento em ciência e
tecnologia bélica, a recuperação da indústria bélica nacional, o domínio da
tecnologia nuclear.
Na expressão política, há necessidade
de uma imediata reforma total. O Poder Judiciário deve agir mais rapidamente,
com maior proximidade com o povo. É imperiosa a mudança de critério para
preenchimento dos cargos de Ministro e outros, de político para meritório ou
promoção vertical, em especial nas Altas Cortes. O Poder Legislativo deve
possuir menos membros, eleitos com a utilização do voto distrital e os
postulantes a cargos eletivos devem ser submetidos a cursos de qualificação e
severos critérios de recrutamento, com eliminação sumária dos impuros.
Os Tribunais Eleitorais deveriam ter
caráter permanente de fato. A apuração eletrônica só pode ser mantida com a
impressão dos comprovantes, para a apuração em paralelo, por amostragem, em
caso de recontagem. Os Tribunais de Contas também deveriam ter seus integrantes
não indicados politicamente, mas sim por concurso progressivo. Os detentores do
poder político deveriam ser obrigados a usar os mecanismos constitucionais de
referendo e plebiscito e submetidos ao “recall”.
Voltando ao tema segurança, em
destaque, em curto prazo, nunca se disse tanta bobagem em tão pouco tempo.
Ideias estapafúrdias como a campanha do desarmamento civil, atendendo à
imposição do exterior. Também voltam os "policiólogos"
de plantão a pregar a unificação das polícias e a desmilitarização das polícias
militares. As Forças Armadas brasileiras possuem um efetivo total de cerca de
350.000 homens, incluídos os conscritos. O efetivo total das polícias militares
no Brasil (Estados e DF) é mais do dobro do efetivo das tropas do Exército.
Somente a de São Paulo é acima de 90.000 combatentes, mais cerca de 32.000 de
policiais civis.
Podem surgir problemas sérios colocando
em risco a manutenção da integridade territorial do país. Por isto, as polícias
militares devem continuar militarizadas e subordinadas à Força Terrestre, para
melhor controle. Inclusive, quando havia a Inspetoria Geral das Polícias
Militares, dirigida por um general, havia muito mais segurança. Há lugar para
as duas polícias. O importante é que sejam complementares, eficazes, não
superpondo funções e mais integradas, inclusive com as guardas municipais
(poderia ser uma polícia comunitária), em especial na área de inteligência,
devendo haver um comando único, assessorado por um estado maior composto de um
representante de cada instituição. É evidente que deve existir integração entre
todos os subsistemas que participam do conjunto (Judiciário,
Ministério Público, subsistema penitenciário, Polícias Federal,
Rodoviária, Ferroviária e outros). Trabalhar duro é preciso.