ALÉM
DE QUALQUER LIMITE
Artigo publicado em
12/01/2017 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Assessor Especial da Presidência da ADESG, Membro do Conselho Diretor do CEBRES,
Acadêmico fundador da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano.
A falência do Estado do Rio de Janeiro
ultrapassa em muito o limite do tolerável. A forma como estão tratando os
servidores públicos da ativa, aposentados e pensionistas é imoral, perversa,
injusta, discriminatória e abominável, ferindo a dignidade humana de modo
brutal. E o pior. Sem consequência em termos de punição dos (ir)responsáveis pela administração estadual, bem como pela
omissão da União.
É inacreditável que no início de
janeiro de 2017, não tenham sido cumpridos os deveres de pagamentos dos
estipêndios relativos aos meses de novembro e dezembro, além do 13º salário,
infringindo a legislação em vigor. A solução apresentada é a possibilidade de
pagamento em cinco parcelas, ao longo do tempo, sem a garantia de sua
efetivação. E o mais surrealista é o fato de que, partindo da existência de
cerca de 50% dos recursos necessários para atender aos compromissos da folha de
pagamentos, parte dos servidores (o andar de cima, com servidores ganhando até
R$ 100 mil mensais) é agraciada, enquanto a maioria (o andar de baixo, composto
por barnabés humildes) é ignorada.
Ora, o mais lógico seria o pagamento de
metade dos valores devidos a todos os servidores e não a escolha malévola de
privilegiar os mais abastados em prejuízo dos mais humildes. Até quando esta
esdrúxula atitude será admitida. Não existe Justiça no Brasil? Não há
autoridades com a sensibilidade necessária para tentar corrigir as graves
distorções existentes? Será que não possuem a capacidade de possuir o mínimo de
empatia para imaginar a tragédia vivenciada por dezenas de milhares de pessoas,
inteiramente desassistidas, sendo obrigadas a humilhação de
recebimento de cestas básicas para poder sobreviver? E as contas de gás,
energia, água etc. como serão pagas? Com juros extorsivos, sem a mínima
complacência.
É inacreditável a insensibilidade das
ditas autoridades, que entram em férias, em recesso regiamente remunerado, em
especial no Judiciário e no Legislativo sem a preocupação em resolver a
catástrofe, ou pelo menos tentar encaminhar uma solução. Vão para o exterior,
para as praias
ou para a serra, sem a menor comiseração pelos indigentes servidores públicos.
Também é impressionante a passividade das “lideranças” sindicais, anestesiadas
enquanto seus liderados mais precisam de amparo. A mídia amestrada dedica
espaço relevante a assuntos de menor importância, desviando a atenção da
população, ignorando o drama vivido por grande parte dos
servidores, muitos seus assinantes, por ironia. Dá raiva a um servidor
público, assinante de um destes veículos de comunicação, verificar a
indiferença de muitos famosos jornalistas, com poder de pressionar a
“administração” estadual e mesmo a federal, dedicando laudas e espaços
relevantes, a assuntos de menor importância.
O ex-governador Sérgio Cabral está
preso, respondendo a graves acusações, como um dos principais responsáveis,
pela falência do Estado do Rio de Janeiro. É evidente que ele não cometeu estes
ilícitos penais sozinho. Teve a colaboração,
conivência, participação, ou no mínimo a omissão de dezenas de assessores, além
dos que já estão presos, que devem também pagar pelos crimes cometidos. Como
sempre, o Judiciário é lento em sua ação, deixando de agir com a necessária
presteza. Ao Legislativo, cabe a pergunta: onde estavam aqueles que deveriam
defender os interesses da população? Ou coniventes, ou omissos, ou indiferentes
ou lenientes?
Esta situação deve ser resolvida com
urgência sob pena de haver uma séria convulsão social
no Estado. Haverá o dia em que os servidores estaduais nem poderão comparecer
mais ao trabalho, por falta de recursos para o transporte e então a população
ficará privada da prestação da maior parte dos serviços públicos. Quantas
pessoas já morreram em função deste descalabro? Quem será responsabilizado? Por
que não houve ainda a decretação da intervenção federal no Estado? É devido ao
fato de que não pode haver a tramitação de PEC neste caso?
É necessário que os (ir)responsáveis pelas respectivas administrações acordem e cumpram seu dever, pois a situação
é insustentável. Tomem vergonha na cara e trabalhem!