A QUESTÃO DO DESARMAMENTO
Artigo publicado em 03/09/2015 - Monitor
Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
A propósito do projeto de lei
3722/2012, que revoga o Estatuto do Desarmamento e estabelece regras mais brandas
para o porte de arma de fogo, de autoria do deputado federal Rogério Mendonça
Peninha, em vias de apreciação conclusiva, dentro de poucos dias, cabe tecer
alguns comentários. Em especial, considerando a ação de sabotagem empreendida
pelos “hoplófobos”, contrária ao desejo do povo brasileiro expresso de modo
contundente no referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo
e munições, quando mais de 64% dos votos revelaram a postura dos brasileiros
diante do tema.
Tempos atrás, houve um assalto que acabou com o
agressor baleado por um policial militar. O vídeo inicial teve mais de quatro
milhões de visualizações e repercutiu até mesmo nos EUA, onde o site “Guns Save Lives”
frisou que no Brasil o controle de armas impede que os cidadãos se defendam,
mas não impede que os bandidos estejam armados.
Na ocasião, a propósito do acontecido,
o Juiz Maurício Doutor, em seu Facebook, declarou: “É preciso que também tombem os
bandidos, não só os inocentes”. E Acrescentou: “Na qualidade de juiz de direito, aprecio
tecnicamente todos os conflitos de interesses com os
quais me deparo, solucionando o litígio segundo o ordenamento jurídico vigente
no meu país. Ou seja, enquanto técnico, respeito e aplico a
legislação; enquanto cidadão também. No entanto,
sinto-me suficientemente à vontade para me indignar com algumas de nossas leis.
Uma delas é a Lei n. 10.826/03, o ESTATUTO DO DESARMAMENTO”.
“Cada vez que vejo cenas
como a mostrada convenço-me mais e mais de que a população precisa se armar. Se
o Estado não consegue fazer-se presente em todos os cantos, o particular DEVE
ter o direito de defender-se (esse direito todos temos), inclusive com o USO DE
ARMA DE FOGO (isso só alguns privilegiados têm). Tenho
consciência dos riscos que o armamento pode ocasionar, mas ainda mais
consciência dos riscos que o desarmamento já proporcionou. É preciso que também
tombem os bandidos, não só os inocentes. Por isso, sou a favor da liberação das
armas, com severa punição para quem as empregar indevidamente (e no conceito de
indevido não se enquadra a legítima defesa). FICA O DESABAFO!”.
Pescadores de águas turvas, em especial
estrangeiros, com a cumplicidade de maus brasileiros, persistem em sua maléfica
ação de desarmar o cidadão digno e de bons costumes, em nome da ONU, apesar de
existir relatório da própria entidade, elaborado em 2011 reconhecendo que o desarmamento
da população não reduz a incidência de crimes violentos. As estatísticas
demonstram que o desarmamento da população na verdade aumenta a incidência de
crimes violentos (além de preparar o terreno para a implantação de ditaduras
sanguinárias). Em qualquer tragédia é realçado o fato de que um criminoso usou
armas de fogo, porém é omitido o que teria ocorrido caso algum cidadão
estivesse de posse de sua arma de fogo.
Haveria reação e seguramente o criminoso seria
abatido. Jornalistas do britânico The Guardian foram aos fatos e os
apresentaram de maneira sintética e inteligente, levantando um quadro factual
da momentosa questão da posse de armas por cidadãos honestos x criminalidade
violenta em todo mundo:http://www.guardian.co.uk/news/datablog/interactive/2012/jul/22/gun-ownership-homicides-map.
A Câmara Legislativa do DF aprovou há
algum tempo um inacreditável projeto de Lei que proíbe a fabricação, venda e
comercialização de armas de brinquedo. A proibição vale para armas que disparem
balas, bolinhas, luzes a laser ou façam qualquer tipo de barulho que permita
alguma associação com arma de fogo. De fato, é demais. Qual é o objetivo destes
grupos radicais? Incentivar a covardia nos cordeiros para facilitar a ação dos
lobos, sabendo-se que os pastores não propiciam a devida segurança a eles?
Obrigar o cidadão a ficar a mercê de um marginal drogado, impiedoso, capaz de
matá-lo, sem piedade, mesmo que não ofereça resistência, assistindo sua família
ser barbarizada?
A orientação de autoridades policiais é uma
confissão de impotência severa, quando há um assalto. Levar sempre algum
dinheiro para satisfazer o “cidadão” criminoso, não reagir, nem olhar para seu
rosto. Caso sobreviva ileso, tentar registrar a ocorrência na delegacia, algo
difícil de ser concretizado por razões sobejamente conhecidas. Seu nome,
endereço e demais dados ficam, a partir daí, disponíveis no processo e se, por
exceção, o criminoso for preso, a vítima passa a ter medo das represálias.
Ainda não foi revogada, pelo que sabemos, a
legislação que obriga os jovens com dezoito anos a prestarem serviço militar à
Pátria, justamente com o propósito de aprendizado do manuseio de armas de fogo
para defesa do nosso povo e de nosso território. Será que estes desvairados
querem também proibi-lo? Nossas Forças Armadas possuem um quantitativo
insuficiente para cumprir sua missão constitucional e dependem dos conscritos.
Caso, desde a infância, nossos jovens sejam persuadidos de que uma arma de fogo
é “obra do demônio” e é politicamente correto brincar de “boneca”, ao invés de
“mocinho e bandido”, quem defenderá o país, quando a ocasião exigir?
Lembremo-nos dos recentes episódios de “espionagem cibernética”. Estamos sendo
atingidos porque não nos preparamos. O choro vai ser repetido, quando a Nação
for atacada?