A AMAZÔNIA É BRASILEIRA
Artigo publicado em 08/10/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
É incompreensível como um cidadão brasileiro
conhece, às vezes, vários lugares do país e até mesmo outros países, sem antes
conhecer a Amazônia. Recomendamos sempre aos nossos conhecidos que, quando
resolverem viajar, iniciem suas incursões pela Amazônia, antes de dirigir-se a
qualquer lugar do Brasil ou do exterior. Isto porque é vital para os
brasileiros conhecer pessoalmente àquela rica região, descobrir suas
potencialidades, avaliar suas riquezas, enfim admirá-la, para poder perceber o
quanto é importante defendê-la, lutando para que continue a ser nossa.
Percorremos periodicamente a região para atualizar nossa visão da mesma. Como
sempre, constatamos pontos positivos e negativos.
Dos aspectos favoráveis, não há como
ignorar o crescimento da atividade econômica, em especial a turística,
consubstanciada pela implantação de diversos hotéis no interior da selva, como
o Ariaú, perto de Manaus, pelo aumento progressivo da
população localizada na Zona Franca de Manaus, pelo crescente compromisso das
Forças Armadas na defesa da Amazônia. O Exército possui agora o Comando Militar
do Norte em Belém, além do Comando Militar da Amazônia em Manaus.
Como
aspectos negativos: a continuação da evasão de riquezas subtraídas da região, seja sob a forma de contrabando e/ou descaminho
transportado em centenas de aviões praticando voos irregulares, seja sob a
forma de pirataria dos recursos biogenéticos da área, remetidos por diversos
representantes de ONGs e missões estrangeiras no país, agindo sem qualquer
controle; a existência do SIVAM, capaz de permitir o controle do tráfego aéreo,
porém sem haver a necessária proteção das informações obtidas; a crescente
demarcação de reservas indígenas, conduzida por agentes estrangeiros, com a
criação de “enclaves territoriais”, passíveis de serem, no futuro, separadas do
país, constituindo embriões de nações independentes do Brasil, por coincidência
em cima das principais riquezas minerais da região; pela ocupação da natureza
por populações humildes, sem a necessária educação e conscientização dos danos
ao meio ambiente; pela não conclusão da implantação do projeto Calha Norte,
fruto do corte de verbas orçamentárias destinadas às Forças Armadas; pelo
preocupante aumento da penetração estrangeira nos meios de comunicação, em
especial nas TVs e outras.
Persiste a necessidade urgente do
cumprimento do lema: “integrar pra não entregar”. A perda da Amazônia não será
concretizada por uma ocupação militar tradicional, pois não existe país no
mundo com força capaz de ocupar a vasta área, em grande parte ainda virgem.
Porém, está sendo realizada sub-repticiamente, como é do costume dos modernos
povos colonizadores, via domínio perpetrado através do crescente domínio das
expressões psicossocial, econômica, científico-tecnológica e até mesmo
política. É importante conhecer a realidade da região, como a situação do
principal estado da região, o Amazonas, o qual possui apenas cerca de quatro
milhões de habitantes, dos quais a metade está concentrada na capital, fato
também encontrado nos demais estados componentes da Amazônia.
Toda a rica região, cobiçada há
centenas de anos por outras nações, é constituída de vazios demográficos. Muita
terra, muitos rios, muita riqueza, a maior parte inteiramente abandonada.
Vastidões de territórios sem ocupação. Ao começarmos a adentrar seus mistérios,
ficamos maravilhados com a grandiloquência da natureza. Mesmo próximos dos
centros populacionais, verificamos a dificuldade de sobrevivência para quem é
estranho à região. Até o deslocamento na mata é extremamente difícil. A
quantidade e qualidade de obstáculos são consideráveis. Daí chegarmos à conclusão
de que é extremamente improvável a sua ocupação por forças estrangeiras.
Somente o natural da área, indígena ou caboclo, consegue sobreviver com
tranquilidade na região. Por isto eles são os melhores soldados da selva. Lá
não há lugar para “Rambos”.
E não
interessa aos países interessados a destruição da região, através do seu
bombardeio sistemático, pois estariam destruindo recursos naturais preciosos,
em especial a água, elementos cada vez mais raros no terceiro milênio. Ninguém
possui condições para ocupar e dominar a Amazônia. Por isto continuam a agir
por intermédio de agentes diretos e indiretos, subtraindo as riquezas em
surdina. Por exemplo, é muito perigosa a atuação do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) na área, defendendo posturas contrárias
aos interesses nacionais. Cabe a nós,
brasileiros, impedir que estes absurdos prossigam impunemente.
Urge haver vontade política para a implementação de medidas concretas de ocupação planejada,
contínua e eficaz da rica região, inclusive com adoção de providencias
emergenciais, enquanto é tempo. Acreditamos que o país capaz de explorar
racionalmente a região, sem concessões aos delírios dos ecologistas fanáticos,
defensores da sua intocabilidade, nem às ações predatórias de predadores
irresponsáveis, será a potência do terceiro milênio.