ATITUDES INSÓLITAS
Artigo
publicado em 31.07.14-MM.
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Foi no mínimo surpreendente a atitude do
vice-presidente norte-americano Joe Biden em fornecer documentos confidenciais
do passado, pertencentes ao arquivo de seu país, a autoridades brasileiras a
pretexto de colaborar com a denominada “comissão da verdade” relativa, pois
aborda apenas a ótica parcial de uma das partes conflitantes. Isto porque, caso
ele não saiba, está ajudando a quem praticou vários
atos terroristas, inclusive contra os EUA, como, por exemplo, no sequestro de
seu embaixador Charles Burke Elbrick em ação da qual participou o ex-ministro Franklin
Martins, um dos principais coordenadores da campanha à reeleição da atual
presidente.
Para agravar o fato, no
manifesto de sua autoria está expresso: “Este ato não é um episódio isolado.
Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a
bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que
os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e
delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da
ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para
devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o
justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra
revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa
de guerrilha rural. A vida e a
morte do sr. embaixador
estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado.
Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária.”.
Também o capitão
norte-americano Charles Rodney Chandler foi brutalmente assassinado em frente
de sua família, sem qualquer razão. Com certeza seus familiares não devem estar
satisfeitos com este comportamento, que desmente a tradicional máxima dos
soldados: “Ninguém fica para trás”. Na realidade, o regime militar atendeu ao
exigido, poupando a vida do embaixador que seria “justiçado”. E se não tivessem
atendido? O terrorismo, como a tortura, é crime inafiançável e imprescritível,
conforme reconhecido pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro
Gilmar Mendes: “O texto
constitucional também diz que o crime de terrorismo é imprescritível".
O Brasil ratificou as principais convenções internacionais sobre
o tema e colabora ativamente em vários cenários, como na ONU e na OEA. O terrorismo é
citado na própria Constituição, que qualifica o terrorismo como crime inafiançável, porém não existe, na
legislação brasileira, uma definição de terrorismo. Em 2013 foi apresentado o Projeto
de Lei do Senado nº 499 que define crimes de terrorismo,
estabelecendo a competência da Justiça
Federal para o seu processamento e julgamento, porém suscitou críticas por
parte da Anistia Internacional que considerou o
projeto vago, "com um claro e imediato risco de promover a criminalização
de manifestantes pacíficos e de seus direitos à liberdade de expressão e à reunião
pacífica", tendo assim não prosperado.
No Brasil, mais alguns episódios esdrúxulos surgem,
como a declaração da atual presidente de que “Meu governo é padrão Felipão”, isto lógico, antes da
derrota por 7x1, tentando pegar carona no eventual sucesso da seleção de
futebol. De fato, a inflação está quase em 7% e o crescimento do PIB em torno
de 1% ao ano. O país vive uma insegurança econômica aflitiva, pois qualquer
analista sabe que existe uma expressiva inflação represada, a qual atingirá ao
povo brasileiro, após as eleições presidenciais, bem como uma perspectiva cada
vez mais concreta de racionamento de energia e outras situações cruéis.
Surge então a figura do
“crime relatório”, representado pela classificação de terrorismo econômico a
uma nota de analistas de um banco analisando a conjuntura e sinalizando
orientação para investidores de sua carteira preferencial. Ora, não há quem
repudie mais do que nós a intromissão de estrangeiros em nossos assuntos, mas
no caso em tela a equipe de analistas expressou aquilo que a maioria dos
economistas não aquinhoados com as benesses da atual administração petista
afirma. E vão ser punidos com a demissão em massa. Será que estamos já vivendo
a situação descrita pelo genial escritor George Orwell (Eric Blair) em sua
magistral obra “1984”? Quem serão os primeiros incriminados pelo “crimidéia” (crime de pensamento)? Serão os
que denunciaram a “doação” de bilhões de dólares a administrações “cumpanheiras” na África e nas Américas? Ou os que apontaram
a farra de empreiteiras ditas nacionais, que, com recursos do BNDES, realizaram
obras ciclópicas em países administrados também por “cumpanheiros”
ideológicos, que dificilmente serão ressarcidos? Para culminar, está sendo
praticamente impossível renovar o registro (não o porte) de armas de fogo e até
os aparelhos de choque (não o Taser) estão tendo sua
comercialização proibida, enquanto pivetes armados com armas brancas praticam
arrastões em plena Copacabana durante o dia (28.07), sem que a polícia evite os
delitos e a mídia amestrada sequer noticie. De fato, o cobertor é curto. As
centenas de policiais que estão nas UPPs desfalcam a
prevenção no asfalto.
E o alcaide comemora o inferno vivenciado no trânsito do
município do Rio de Janeiro, com reflexos graves nos municípios limítrofes.
Temos que escolher com cautela os nossos
representantes nas próximas eleições, sob o risco de perdermos nosso país.
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